terça-feira, 27 de dezembro de 2016

UMA SENHORINHA FRÁGIL COMO PASSARINHO E UM PEDIDO, MOÇO ME AJUDA? MEMÓRIAS CONTADAS

Olá, BOA NOITE! Para todos, agora são 19:15hs e ainda 27/12/2016 kkkk

O ano que não termina, como o povo brinca nas redes sociais daqui a pouco a gente acorda e tem 2016 com um dígito nove na frente 92016 rsrsrsss

Mas tá valendo, o ano não foi fácil, muita sujeira aparecendo, crise financeira e uma certa perturbação mundial!
Portanto ainda somos sobreviventes, então parabéns para:
EU
TU
ELE
NÓS
VÓS
ELES..., porém há muitos anos, meu filho contava com 5 anos e morávamos no Campo Belo um bairro de classe média em São Paulo, um belo condomínio e isso esclareço porque mais tarde vocês irão entender!
Era Domingo e estava um sol escaldante, pela manhã brincamos na piscina (que falta ela faz nesse calorão atual, rsrsrsr), almoçamos e o Celso foi tirar um cochilo, estávamos brigados, rsrssrsss eu fiquei com o meu filho e fui na padaria comprar meu cigarro e pães e alguma guloseima para meu filho.
A padaria ficava há 4 quarteirões da nossa casa e fomos subindo a rua e uma Senhorinha muito pequena, com um lencinho na cabeça, blusinha de saia e meias e sandália, aparência muito pobre e frágil.
Me chamou a atenção o fato dela estar parada na esquina, cabisbaixa! Imaginei que estava cansada sob escaldante..., quando fomos nos aproximando eu vi que ela nos olhou e quando fomos nos aproximando ela pareceu resitar, fiz um aceno com a cabeça e continuei andando com meu filho de mãos dadas..., então ouvi um chamado:
Moço!!! Tímido e fraquinho..., olhei para trás e fui voltando!
Oi, a Senhora está bem?
Oi fio..., que vergonha, não sou disso não. Mas será que o senhor tem misericórdia! Fio to envergonhada, sou uma mulher honesta, será que o senhor não tem um trocado, meu gás acabou faz 2 dias e não tenho dinheiro..., e não sabia o que fazer, então tô andando e buscando ajuda..., e tô cansada, uma mulher até me deu comida, mas eu não sou pedinte, só quero fazer minha comida!
E seus olhos opacos da idade percebi, tristeza e lágrimas!

Aquilo me comoveu, claro, sendo verdade ou não!
Mas fui no piloto automático, pois ali por ser um bairro nobre era comum de certa forma!
Apesar daquela fragilidade em nossas frentes!

Eu tinha saído de casa, como era perto, coloquei uma nota de 50 reais no bolso e sai!

Nossa minha senhora, puxa vida desculpa, mas eu to sem trocado, estou indo na padaria trocando o dinheiro na volta se a senhora estiver aqui, eu lhe ajudo no que posso!

Ohh fio, fica com Deus, mas  eu tenho que ir para casa! Preciso descansar! Mas Deus te abençõe e esse pequenininho aqui! E passou a mão já torta na cabeça do meu filho!

Eu pedi desculpas e comecei a subir rumo a padaria!

Então meu filho:

Papai, porque você não deu dinheiro pra ela?
Eu: Ahh filho, eu to sem trocado!

E voltei o olhar e lá estava ela! Parada, olhando para o chão! Frágil como um passarinho de asas podadas, sem poder voar!

Eu senti o peso que ela sentia! E olhei para meu filho e disse:
Vamos lá filho, falar com ela! Você está certo! Vamos ajudá-la!

Quando voltei cheguei e falei, olá senhora me chamo Edson E este é meu filho Glauber, muito prazer, como a senhora se chama!
Ela envergonhada: Sou Francisca!

Dona Francisca, muito prazer! Aqui eu não tenho dinheiro, mas se a senhora concordar em ir até minha casa, eu prometo ajudá-la! Eu moro na rua de baixo! Pode vir conosco?

Ela exitou e olhou para mim e meu filho e bonitinha disse: Moço, não é certo eu ir na sua casa!

Eu sorri e disse: Porque não, eu estou com meu filho e nada de ruim pode acontecer!

Peguei a mãozinha dela e falei vamos, eu vou ajudá-la!

ela segurou meu braço e descemos, quando cheguei na portaria o porteiro: Tudo bem seu Edson?
Sim! Abre por favor!
E ela, nossa moço não posso entrar aqui não!
Claro que pode a senhora é minha convidada!

E entramos, o Celso estava lendo e  eu Celso, esta é Dona Francisca?
Ele me olhou com cara de interrogação?
Eu disse ela precisa de ajuda!!!
Vai passar um café, e pedi que ela sentasse. Ela estava desconfortável, dava pra perceber!

Ela falou, muito bonito sua casa eu moro eu Paraisópolis, num barraquinho e o senhor acredita, entraram na meu cantinho e roubaram meu botijão de gás e os paninhos que eu faço para vender..., servi um bolo, café com leite e biscoitinhos e ela foi falando sobre a vida dela.
Viúva há tempos, ela não,pode ter filhos e a família era do Ceará, aqui tinha um sobrinho neto que a ajudava, mas ele tinha sumido, não o via há meses! Não sabia o que havia acontecido!
E foi singela, doce, verdadeira e não teve como não chorarmos ouvindo aquele exemplo de viver com uma sabedoria nata, na simplicidade de poucas palavras e mãos tremulas pelo tempo..., e naqueles olhinhos embaçados, lágrimas correram e percorreram aquela face magrinha e cheia de sulcos do tempo e sofrimento.
Nossa!!! A vontade era de deixá-la ali e cuidarmos dela para sempre.
Foram mágicos essas 2 horas que ela ficou em casa. Foi como se aquela alma tivesse passado como asas de anjo e percebemos a grandeza de Deus na fé daquela senhora!

E porque desacordo? E porque insatisfação? E porque tantos porquês?

Fiz uma sacolinha com algumas coisas leves e demos o dinheiro do gás..., falei Dona Francisca, eu gostaria que a senhora visse aqui no próximo final de semana!
Nós vamos lhe ajudar, eu lhe entendo, já passamos por muitas situações difíceis e sabemos reconhecer a dificuldade do outro... Nós vamos fazer uma compra e vamos levar para senhora!

Ela chorava e agradecia e pedia desculpas!

Mas falou do amor do marido falecido! Da solidão e da fé!
E foi lindo quando ela falou que ela tinha pouco dinheiro, pagava o aluguel do barraquinho e o pouco que sobrava era para o alimento. E que seu prazer era o rádio a pilha e suas orações e ela rezava todos os dias as 18:00 horas, rezava e que Nossa Senhora a perdoasse por rezar e depois apagar a vela!!!
Não é pecado né seu Edson, a vela tá cara, mas pelo menos eu assim posso iluminar todos os dias!

Bom resumindo! Por uma ano nós a ajudamos e a acolhemos!

E o meu filho falava, papai adota ela também, ela dorme no meu quarto é só por uma cama pra ela!

Eu, Filho: Já falei isso para ela! E tinha falado mesmo, ficava preocupado com ela sozinha!

Mas ela filho quer o cantinho dela!

Um ano depois..., ela veio se despedir, não ia querer morrer sozinha aqui, com dinheiro que a gente a ajudou e seu sobrinho neto depois de meses apareceu, estava lá e veio para buscá-la!
Finalmente ela iria de encontro aos seus familiares!

E assim com alegria e esperança ela se despediu, agradecendo e sorrindo!

E quem na verdade tinha de agradecer eramos nós!

Pessoa linda, frágil pelo tempo e forte pela vida e fé! Obrigado Dona Francisca por estar na memória de minha vida!
E onde a senhora estiver, com certeza é luz para os olhos de Deus!!!


Agora vou indo, um grande abraço a todos de maneiras d Edson Cerejeira



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